6.3.05

Apitos azulados há muitos

Serve este post para trazer alguma vida ao SLBlog, que tão injustamente tem vindo a ser negligenciado devido a um estágio curricular. Que fazer? É a vida...

Hoje tive a infelicidade de assistir ao Penafiel-Porto, jogo que não podia ter começado melhor. No entanto, à medida que o tempo avançou, a coisa mudou de figura com um empurrãozinho do Sr. Paulo Paraty, que foi habilidosamente manietando o evoluir do jogo, de forma a proporcionar ao Porto mais oportunidades de virar o resultado. Há dúvidas? Então vejamos:

1 - Na primeira parte, em lance de perigo na área do Penafiel, Quaresma aproveita uma bola que vem do guarda-redes para cabecear à baliza. Acontece, porém, que não é a cabeça que ele usa, mas sim o antebraço, razão pela qual o guarda-redes duriense protestou de imediato com Paraty, que não andava muito longe do lance. O árbitro não assinalou nada, o fiscal-de-linha ainda menos, mas as imagens da televisão comprovaram que o guarda-redes tinha toda a razão nos protestos.

2- Também na primeira parte, McCarthy vê um cartão amarelo. Poucos minutos depois, numa tentativa de dominar melhor uma bola que lhe bateu no peito, abraçou literalmente o esférico e largou-o para onde mais lhe convinha. Disciplinarmente, o árbitro não agiu.

3 - Ainda McCarthy. Já na segunda parte, o avançado volta a ajeitar a bola com o braço, à entrada da área do adversário, rematando com perigo à baliza. O árbitro anulou o lance, por ter visto a infracção, mas voltou a não mostrar o amarelo. Compreende-se... afinal, seria o segundo - ou terceiro!
Vale só a pena lembrar que McCarthy ficou em campo para marcar o segundo golo do Porto, aos 93 minutos.

4 - Leo Lima, quando se preparava para entrar, parece receber indicações do quarto árbitro para tirar os anéis que usava naquele momento. Qualquer que tenha sido a ordem, o brasileiro obedeceu mas respondeu, alto e bom som: "Vai tomar no cu!". Acção disciplinar? Zero.
Numa outra repetição é possível ver Quaresma dirigir-se ao fiscal-de-linha com um muito perceptível "vai pró caralho". Também aqui o jogador passou incólume.

5 - Uma meia-dúzia de lances a meio campo, especialmente na segunda parte, que prejudicaram fortemente o Penafiel, com Paraty a decidir sempre - e mal - a favor dos portuenses. Incluo aqui duas situações em que o fiscal-de-linha assinala foras-de-jogo inexistentes.

Fica, portanto, a questão: merecia o Porto ter ganho este jogo?
E fica a minha resposta: obviamente, não! O Porto nunca foi superior ao Penafiel, apesar de ter jogado mais em certos períodos do jogo. Mas atenção, eu disse "jogado mais" e não "jogado melhor", são coisas completamente diferentes. O futebol dos portistas foi sempre confuso, precipitado e desconexo. Ou seja, igual ao do Penafiel, que apostava no contra-ataque para levar a água ao seu moinho, mas quase nunca conseguia construir uma jogada até ao fim. Destaca-se como exemplo de falta de esclarecimento a jogada em que Clayton quer fazer tudo sozinho, tendo um companheiro completamente isolado à sua direita.
Em suma, a vitória não ficava mal ao Penafiel, por se ter apresentado sem medo dos galões do adversário e por ter aguentado uma vantagem durante mais de 70 minutos, nunca se deixando inferiorizar ao ponto de ficar em apuros. O resultado mais justo, em termos de exibição, talvez fosse o empate, já que nenhuma equipa conseguiu superiorizar-se à outra o suficiente para merecer a vitória, mas ser o Porto a arrecadar os três pontos era a maior mentira que daquele jogo podia resultar.
Como podia, aliás, haver verdade, se o autor do 2-1 já devia estar "na rua" há tanto tempo?...