És tu, Cardozo?
Ucrânia, parte dois. O Benfica venceu sem convencer mas conseguiu, um vez mais, aquilo que interessava: garantir para si a parte mais importante do binómio "jogar bem/ganhar".
A exibição não foi um primor, mas não se podia esperar muito mais, tendo em conta que titulares habituais como Quim, David Luiz, Katsouranis, Rui Costa, Maxi Pereira e Cristián Rodriguez ficaram fora do onze inicial.
A Académica ia à Luz com poucas possibilidades de se apurar para a ronda seguinte, mas o Benfica estava avisado para a eventualidade de encontrar alguns problemas, como se tinha visto há duas semanas em Coimbra. Camacho mexeu no esquema táctico, colocando dois avançados de início, ainda que Nuno Gomes tivesse maior tendência para aparecer atrás de Cardozo, deixando o paraguaio mais sozinho na frente.
A primeira parte pertenceu quase por completo ao Benfica, que não deu grandes espaços e conseguiu levar o jogo até à área de Pedro Roma sem grandes problemas, faltando depois o toque final para o golo. Este estava iminente desde os 15, 20 minutos, mas acabou por aparecer só aos 40. Luisão colocou justiça no marcador e tirou alguma pressão dos ombros do Benfica, que tende a acusar nervosismo quando os falhanços se começam a acumular. Hoje não só se cortou o mal pela raíz, como se sossegou ainda mais 4 minutos depois, altura em que Cardozo atira a contar na conclusão de uma notável jogada ao primeiro toque iniciada perto da área de Butt (!).
Oscar Cardozo parece, aliás, querer assumir-se de vez como o principal finalizador da equipa e, aos 86, voltaria mesmo a marcar, repetindo o bis da última quarta-feira. Se se mostrar capaz de manter este nível de aproveitamento e a equipa conseguir fazer chegar jogo ao paraguaio, poderemos ter aqui uma solução para a crise de goleadores que atravessamos há anos.
De volta ao jogo, e com o Benfica a ganhar 2-0 ao intervalo, Domingos trouxe uma Académica mais afoita para o segundo tempo, mais rematadora e disposta a explorar a pouca solidez que Butt evidencia sempre que lhe é entregue a baliza da Luz. O jogo de hoje não foi excepção e havia apenas 8 minutos na segunda parte quando o alemão não é capaz de travar um remate de longe, denunciado e nem sequer muito forte de N'Doye. Com a diferença em apenas um golo, a Académica começou a pensar em fazer estragos maiores e insistiu na meia-distância, levando mesmo uma bola a embater estrondosamente no poste direito da baliza do Benfica, com Butt novamente batido. O guarda-redes germânico redimiu-se, contudo, quando evitou um golo quase certo, na sequência de um canto cobrado na direita do ataque da Académica, desviado de cabeça já na pequena-área.
O Benfica estava com dificuldades em equilibrar o jogo, mas a verdade era que os de Coimbra também já não pareciam realmente capazes de conseguir o empate. Aos 75 minutos, Camacho faz entrar Adu para o lugar de Di Maria e a equipa pareceu animar um pouco. Na primeira vez que tocou na bola, o norte-americano ficou a centímetros do golo, com a bola a passar perto do poste direito da baliza de Pedro Roma. O jogo entrava na recta final e o Benfica parecia ter a vantagem bem segura, sacudindo a pressão da Académica e procurando sentenciar o encontro em definitivo. Isso veio a acontecer, então, ao minuto 86, com Cardozo completamente solto na área, a encostar de cabeça para o 3-1, após um excelente cruzamento de Nuno Gomes.
O Benfica avançava assim para quinta eliminatória da Taça de Portugal e reforçava a esperança de ter em Cardozo a resposta para o problema de concretização com que tem lidado nos últimos tempos. No próximo sábado, o Belenenses dirá se sim ou não.