16.3.05

R.Rocha e Mantorras no onze da Gazzetta

Sinal dos tempos. O Porto está numa fase de desconstrução, com um grupo de trabalho que não é carne nem peixe e se anda a arrastar pelos campos à espera de um milagre igual ao de Penafiel. Não espero, muito sinceramente – e não só por ser benfiquista – que os azuis-e-brancos se levantem a tempo da recta final da luta pelo título.
Se perderem em Alvalade – isto, claro, partindo do princípio que o Benfica vence o Setúbal -, os seis pontos de atraso daí resultantes podem colocá-los muito perto de um abismo sem retorno. Além disso, perder com o Sporting significaria, no pior cenário, cair para quarto lugar, em igualdade com os leões e atrás de Braga e Boavista (caso estes últimos pontuem).
Esta introdução acerca do Porto serve para mostrar que os tempos mudaram. Os portistas, de Campeões Europeus, conservam só o nome e há muito que já não moram no Dragão os melhores defesas europeus ou o mágico número 10 que tantas vezes carregou a equipa às costas. Não há estrelas que provem o estatuto no relvado. Prova evidente é que, mais uma vez, a Gazzetta dello Sport não inclui qualquer jogador azul-e-branco no “onze” da semana, mas destaca dois benfiquistas pelo desempenho da última jornada.
Ricardo Rocha e Mantorras estão, assim, entre os eleitos daquele que é um dos mais conceituados jornais desportivos europeus, o que atesta o bom momento que o Benfica atravessa. No que toca a Mantorras, acredito que a nomeação esteja directamente relacionada com a recuperação da lesão que o manteve afastado durante tanto tempo, coroada com um golo que atirou os encarnados para a liderança da SuperLiga.
No entanto, com Ricardo Rocha a história é outra. O central português há muito que vem mostrando o porquê desta inclusão na melhor defesa europeia da semana, conseguindo exibições seguras e decisivas jogo após jogo. Ricardo Rocha será, talvez, o melhor central nacional do momento e isso não oferece grandes dúvidas a quem gosta de futebol. O que não se percebe é porque continua Scolari a apostar em Ricardo Costa, do Porto, quando a sua importância numa equipa que vem perdendo jogo atrás de jogo não é tão evidente quanto isso.
E já que da convocatória se fala, aproveito para lançar outra questão: onde está Manuel Fernandes? O organizador de jogo do Benfica merece, por motivos mais que evidentes, estar entre os eleitos de Scolari para representar Portugal ao mais alto nível. Em vez disso, Scolari insiste em Maniche. O jogador do Porto atravessa um mau momento exibicional e a sua preponderância na formação portista já não é o que em tempos foi. Manuel Fernandes, pelo contrário, é cada vez mais um patrão no meio-campo, roubando bolas, organizando ataques e ajudando à defesa sempre que possível. Pelo meio, vai encontrando tempo para tentar, ele próprio, o golo. Porque está de fora? Não quero acreditar que se trata de uma questão de cores...