
Falta um ponto para a festa. Domingo, dia 22, às 16 horas, no Bessa. Já sofremos uma época inteira, vamos aguentar os últimos 90 minutos também. FORÇA BENFICA!
OK, por uma questão de respeito à imensa faixa populacional que diariamente faz deste blog a sua fonte preferencial de informação desportiva isenta e rigorosa, vou acrescentar umas linhas:
Estádio da Luz, 65 mil nas bancadas, ambiente escaldante para um dos
derbies mais importantes de que há memória. A vitória era o resultado que ambas as equipas traziam em mira, ainda que o Sporting pudesse preparar-se para a festa em caso de empate. O Benfica, por seu lado, não tinha alternativa: ou ganhava ou poderia ver-se quase irremediavelmente afastado da corrida pelo primeiro lugar.
À mesma hora, o FC Porto jogava em Vila do Conde e esperava pelo empate entre os rivais de Lisboa, resultado que melhores perspectivas lhe abriria para a derradeira jornada já que, numa situação extrema, poderia sagrar-se campeão com um simples empate. Os azuis-e-brancos, ainda que sabendo não poder alcançar a liderança imediatamente, eram parte importante desta jornada. Qualquer resultado que não a vitória colocá-los-ia fora da rota do título e abriria caminho à festa de outro campeão - a menos (lá está!) que ambos os jogos acabassem em empate.
Na Luz, o Benfica entrou disposto a mandar, mas a pressão era impossível de disfarçar e impedia que a equipa rubricasse uma exibição esclarecida. Os comandados de Trapattoni dominavam, sim, mas não eram suficientemente acutilantes para colocar o Sporting em respeitoso sentido. Manuel Fernandes era quem mais se destacava no relvado. Em dois tiros de meia-distância (aos 20 e 36 minutos) levou perigo junto das redes de Ricardo, mas o guarda-redes, na primeira vez, e a má pontaria, na segunda, não lhe permitiram facturar. Pelo meio, Douala teve nos pés o 0-1, mas Quim opôs-se ao remate do camaronês de forma superior.
Com o Benfica sempre na mó de cima, o intervalo não chegaria sem mais uma oportunidade digna de registo. Lançado na direita, Miguel vê Nuno Gomes sozinho no lado oposto. O cruzamento do lateral acabaria, no entanto, por sair defeituoso, proporcionando tempo de intervenção ao guardião leonino. Tudo empatado na saída para os balneários. Em Vila do Conde, porém, as coisas estavam ainda mais complicadas: o FC Porto vencia - com golo irregular de McCarthy (dominou nitidamente a bola com o braço esquerdo) - e deixava antever o adiamento de qualquer festa.
A precisar de vencer, Trapattoni não deve ter poupado os jogadores durante o descanso. O Benfica apresentou-se para o segundo tempo com novo vigor, a jogar com maior velocidade e a encostar o Sporting ainda mais ao seu último reduto. Em menos de dois minutos, já Simão estava cara-a-cara com Ricardo mas, na tentativa de contornar o guarda-redes, o capitão encarnado perde tempo e ângulo, acabando por rematar contra os pés do opositor.
O jogo segue vivo e sempre com o Benfica a mostrar-se superior. O Sporting jogava a maior parte do tempo no seu meio-campo, mas não deixava de procurar uma contra-ataque que pudesse fazer mossa na defesa benfiquista. Percebia-se, porém, que a preocupação primordial de Peseiro era não sofrer golos e só depois procurar marcar. O minuto 64 marca um ponto de viragem. O ataque do Benfica desenha uma soberba jogada de perigo. Sempre ao primeiro toque, a bola passa por dois jogadores antes de chegar a Assis. Este descobre Simão solto na esquerda, oferece-lhe o golo, mas não era aquela a noite do camisola 20 da Luz. Simão procura colocar a bola em arco, cruzada, mas o remate bate Ricardo e o poste, acabando por sair pela linha de fundo.
Esta perdida pareceu lançar o Benfica numa certa descrença que serviria de tónico ao Sporting. Dois minutos volvidos, Peseiro começa a mexer na equipa, lançando Tello no lugar de Rui Jorge. E, aos 67, Rochemback cobra de forma violentíssima um livre a cerca de 25 metros da baliza. Quim apenas consegue socar para cima e para o lado, acabando por ver, com alguma felicidade, a bola sair por cima do travessão. O Sporting atravessava o seu melhor período e Peseiro queria aproveitar essa ponta de superioridade para lançar pedras importantes na sua estratégia: Pinilla entra para o lugar de Douala, bastante apagado, e Hugo Viana rende Rochemback. O médio português estava em campo há apenas quatro minutos quando quase gelava as bancadas da Luz. Num remate forte e colocado obriga Quim a aplicar-se a fundo para desviar a bola por cima da baliza. Jogava-se o minuto 77 e o Benfica não efectuara ainda qualquer substituição. Não tardaria, porém. Um minuto depois, Mantorras entra no jogo, substituindo um esgotado Miguel. A Luz voltava a acreditar e, mesmo com o Sporting a dominar, o publico cantava novamente o nome do Benfica.
Coincidência ou não, nunca se saberá, mas a verdade é que o golo acabaria por surgir pouco depois. Petit cobra livre na esquerda e Luisão salta com Ricardo, atrapalhando a acção do gurda-redes, que permite que a bola ressalte na cabeça do brasileiro e pare apenas no fundo das redes. Paraty não viu qualquer irregularidade na jogada e a Luz explodia de alegria. Com sete minutos para jogar, o Benfica fazia o Sporting andar na prancha, prestes a "saltar" da corrida pelo título. Os da casa não tinham, no entanto, todos os condimentos para a festa. O FC Porto vencia já por 2-0 em Vila do Conde e adiava tudo para a trigésima-quarta e última jornada.
Com a euforia instalada nas bancadas, Trapattoni fez ainda entrar João Pereira para o lugar de Nuno Assis e Alcides para a "posição" de Nuno Gomes. Pelo meio, a tarefa encarnada ficava facilitada pela expulsão de Beto. O defesa leonino protestou com o auxiliar de Paraty após um lance de ataque do Sporting, acabando por ver um vermelho directo. O Sporting pareceu, então, resignar-se à condição de vencido e, nos seis minutos de desconto concedidos pelo árbitro, nenhum outro lance de perigo seria criado.
O Benfica vencia assim o
derby e emabalava para o título, 11 anos depois da última conquista. Entre os encarnados e as faixas está agora um único ponto, que terá de ser disputado no Bessa, diante do Boavista.
PS - Para os que insistem numa contagem errada, por inveja ou mera incomoetência, gostava de esclarecer que o Benfica tem no seu palmarés 33 - sim, trinta e três - títulos de Campeão Nacional, e não 30 ou 27 como por aí se ouve dizer.
A saber: três Campeonatos de Portugal, três Campeonatos da Primeira Liga e 27 Campeonatos Nacionais da I Divisão. Se tudo correr bem, daqui a uma semana serão 34.
As dúvidas tiram-se aqui